A vereadora Fernanda Miranda (PSOL) participou de uma reunião na tarde desta quarta-feira (09) no Ministério Público de Pelotas, com representantes de três localidades que sofrem historicamente com alagamentos em Pelotas. Na ocasião, moradores das ruas José Laroque, Francisco Ribeiro da Silva (ambas no Areal) e da rua Mal. José de Abreu (no Lindóia) foram ouvidos pelo promotor de Justiça, Adriano Zibetti, sobre os problemas enfrentados nas localidades em dias de chuva.
No último ano, com a enchente de maio e os altos volumes de chuvas, problemas históricos como falta de saneamento básico, falta de manutenção nos sistema de drenagem e crescimento desordenado da cidade ficaram ainda mais evidentes em Pelotas. Algumas localidades, no entanto, enfrentam situação de alagamento em suas ruas e residências mesmo com um baixo volume de precipitação.
A rua Mal. José de Abreu, no Lindóia, por exemplo, tem sofrido com falta de escoamento de água das chuvas devido uma obra particular realizada de forma irregular na Av. Gen. Abreu e Lima. Esta obra alterou o curso do canal que fazia a drenagem da região impactando diretamente em residências que ficam em nível mais baixo na Mal. José de Abreu. Na noite da última terça-feira (08), a água invadiu casas causando estragos em móveis e outros bens de duas famílias. O Município já autuou o proprietário responsável solicitando “desfeita” da obra irregular, porém como houve recurso, a situação ainda segue sem solução aos moradores.
No caso da rua José Laroque no Areal, que foi severamente atingida nas enchentes de maio, os problemas de estrutura quanto ao sistema de drenagem insuficiente para escoar as águas da chuva prossegue e a água acumula em grandes crateras no meio da via. No último mês, a vereadora e moradores tiveram uma reunião com as Secretarias de Urbanismo, de Serviços Urbanos e o Sanep para tratar sobre os serviços que vêm sendo realizados na região para minimizar os problemas. A localidade tem recebido uma série de empreendimentos novos em sua região, fazendo com que o atual sistema de escoamento não consiga dar vazão para água acumulada.
“Infelizmente foram anos de governos que não tiveram qualquer tipo de planejamento urbano, e isso impacta hoje na situação de moradia de diversas famílias. São pessoas que têm suas vidas comprometidas, sua saúde física e mental totalmente afetadas por não conseguir ter direito à moradia digna, porque suas casas enchem de água quando chove”, lamentou a vereadora.
Na reunião, a vereadora encaminhou documentos que apontam um possível não pagamento de medidas compensatórias por parte de empreendimentos realizados na região da rua José Laroque. O Ministério Público deve investigar a situação.
O drama das moradoras do rua Francisco Ribeiro da Silva
Já a situação das moradoras da rua Francisco Ribeiro da Silva, no Areal Fundos, é ainda mais dramática. Há anos, os moradores de oito casas localizadas no ponto mais baixo da rua convivem com realidade de incertezas, de perda de móveis e eletrodomésticos, e água da chuva e esgoto invadindo suas casas a cada chuva que atinge a cidade.
“A forma com que nós estamos vivendo é sem dignidade. Não podemos fazer planos, o dinheiro da gente vai todo em tentar manter a casa em pé, trocar os móveis que estragam, colocar uma laje de contenção, arrumar a bomba de água que a gente precisa pra tirar a água de dentro das casas”, relatou a moradora Sandia Morgano Machado.
Após uma série de ocupações irregulares, de obras e instalação de empreendimentos sem planejamento, o ponto mais baixo da rua Francisco Ribeiro da Silva se tornou um dos locais que mais sofre com alagamentos na cidade. O Sanep e Secretaria de Serviços Urbanos realizaram serviços paliativos no início deste ano, porém não conseguiram avançar muito devido a não autorização de moradores para desobstrução de canos em propriedades particulares. Segundo o Executivo, a solução definitiva para esta localidade só se dará com uma grande obra da drenagem de toda a bacia, o que demandará tempo de execução e recursos na casa dos milhões de reais.
“Nós estamos cobrando tanto da nova gestão quanto do judiciário celeridade nesses processos e obras. Para casos como este da Francisco Ribeiro que se tenha outra alternativa como o aluguel social, até que as casas voltem a ser dignas de serem habitadas”, pontou a vereadora.